terça-feira, 25 de outubro de 2011
Projeto Criosfera
Na segunda expedição científica brasileira ao interior do continente gelado será instalada o primeiro módulo avançado de pesquisa do Brasil na parte central da Antártica
Foto: Centro Polar e Climático da Universidade Federal do Rio Grande do Sul/Divulgação
Em menos de dois meses, no dia 10 de dezembro, 15 pesquisadores brasileiros e dois estrangeiros partem de Porto Alegre rumo à Antártida para mais uma etapa do projeto Criosfera (nome com denomina a massa de gelo do planeta). Esta será a segunda expedição científica brasileira ao local (a primeira consistiu em um acampamento) e servirá para que seja instalado o primeiro módulo avançado de pesquisa do País na parte central do continente gelado. A unidade chega à capital gaúcha na próxima quarta-feira (26) para receber os últimos equipamentos e dispositivos antes de seguir para o destino final.
O módulo, que tem o tamanho de um contêiner, será transportado por um avião cargueiro no fim deste mês para que, quando os pesquisadores cheguem lá, provavelmente no dia 16 de dezembro, já possam realizar as instalações necessárias. No continente, ele será puxado por um trator até o local em que deverá permanecer.
O primeiro espaço brasileiro no interior da Antártida poderá ser habitado apenas nos meses de dezembro e janeiro, no verão, quando a temperatura varia entre -20°C e -35°C. No restante do ano, quando pode alcançar os -60°C, a estação coletará, por meio de sensores, dados meteorológicos e climáticos, como velocidade e direção dos ventos, pressão atmosférica, radiação solar, emissão de CO² e temperatura, que serão enviados por satélite para o Instituto Nacional de Pesquisa Espacial (Inpe), além de recolher amostras de partículas.
A estrutura, que estará localizada em uma área inóspita do continente - a 2,5 mil quilômetros ao sul da Estação Antártica Comandante Ferraz, a cerca de 550 km do Pólo Sul geográfico -, vai permitir que se faça o monitoramento do transporte de subprodutos de queimadas, além de proporcionar estudos nas áreas de glaciologia, geofísica e química do gelo polar.
Segundo o professor Jefferson Simões, o marco desta expedição é a instalação de um módulo em uma posição mais ao sul do continente, até hoje pouco monitorada. "Já realizamos pesquisas na Antártida, na região periférica, onde o frio é menos intenso, e as pesquisas se concentram no oceano e nas ciências biológicas; agora teremos outros desafios", conta, lembrando que, embora as pesquisas brasileiras tenham começado tardiamente, nos anos 1980, nos últimos cinco anos elas cresceram bastante.
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